Em 1533, com quatorze anos de idade, casou-se com Henrique, o segundo filho do rei Francisco I e da rainha Cláudia de França. Com a versão francofonizada de seu nome, Catarina de Medicis, ela foi a rainha consorte da França de 1547 até a morte de seu marido. Ao longo de seu reinado, Henrique não permitiu que ela participasse dos assuntos do Estado e, em vez disso, favoreceu sua principal amante, Diana de Poitiers, que tinha grande influência sobre ele. A morte de Henrique a empurrou para a arena política como a mãe do frágil rei Francisco II, de quinze anos de idade. Quando ele morreu, em 1560, ela tornou-se regente de seu filho, o rei Carlos IX, de dez anos, com amplos poderes. Depois que Carlos morreu em 1574, Catarina teve um papel fundamental no reinado de seu terceiro filho, Henrique III, que dispensou os conselhos da mãe somente em seus últimos meses de vida. Seus três filhos reinaram na França em uma época de guerra civil e religiosa quase constante. Os problemas enfrentados pela monarquia eram complexos. Inicialmente, ela aceitou uma solução de compromisso e fez concessões aos rebeldes huguenotes, como ficaram conhecidos os protestantes na França. Ela não conseguia, no entanto, compreender as questões teológicas por trás da revolta e, mais tarde, recorreu a políticas de linha dura, com frustração e raiva, contra os rebeldes. Por conta disso, chegou a ser responsabilizada pelas perseguições excessivas realizadas sob o reinado de seus filhos, em especial pelo massacre de São Bartolomeu, no qual milhares de huguenotes foram mortos em Paris e em toda a França. Catarina nasceu em Florença, Itália, como Catarina Maria Rômula de Lourenço de Médici (em italiano: Caterina Maria Romula di Lorenzo de' Medici). A família Médici era na época de facto a governante de Florença: originalmente banqueiros, chegaram a grande riqueza e poder, financiando as monarquias da Europa. Seu pai, Lourenço II de Médici, foi feito duque de Urbino pelo seu tio, o papa Leão X, mas o título voltou a Francisco Maria I Della Rovere após a sua morte. Assim, ainda que seu pai fosse um duque, ela teve um nascimento relativamente inferior. No entanto, sua mãe, Madalena de La Tour de Auvérnia, a condessa de Bolonha, vinha de uma das mais importantes e antigas famílias nobres francesas e esta prestigiada herança foi um benefício para o seu futuro casamento com um Filho da França. Ela foi inicialmente cuidada pela sua avó paterna, Alfonsina Orsini (esposa de Pedro de Médici). Após a morte dela, em 1520, Catarina juntou-se aos seus primos e foi criada por sua tia, Clarice Strozzi. A morte do papa Leão em 1521 interrompeu brevemente o poder dos Médici, até o cardeal Júlio de Médici ser eleito papa Clemente VII em 1523. Ele a alojou no Palazzo Medici Riccardi, em Florença, cujo povo a apelidou de duchessina ("A pequena duquesa"), em deferência à sua reivindicação não reconhecida ao Ducado de Urbino. Casamento Em 1527, os Médici de Florença foram derrubados por uma facção de oposição ao regime do representante de Clemente, o cardeal Silvio Passerini, e Catarina foi feita refém e colocada numa série de conventos. No final, a Santissima Annuziata delle Murate foi a sua casa por três anos. Mark Strage descreveu estes anos como "os mais felizes de toda a sua vida".Para conseguir retomar Florença, Clemente, sem escolha, coroou Carlos I (r. 1516–1558) como Imperador Romano-Germânico (Carlos V), em troca de sua ajuda. Em outubro de 1529, as tropas de Carlos cercaram Florença. À medida que o cerco se arrastava, vozes pediam que Catarina fosse morta e exposta nua acorrentada às muralhas da cidade. Alguns até sugeriram que ela fosse entregue às tropas para ser abusada sexualmente. Quando a cidade finalmente se rendeu, em 12 de agosto de 1530, Clemente chamou Catarina de seu amado convento para se juntar a ele em Roma, onde a saudou de braços abertos e com lágrimas nos olhos. Em seguida, começou a procurar um marido para ela. Em sua visita a Roma, o embaixador veneziano descreveu Catarina como "pequena de estatura, magra e sem feições delicadas, mas tinha os olhos salientes peculiares da família Médici Pretendentes, no entanto, enfileiraram-se para tentar a mão dela, incluindo Jaime V da Escócia (r. 1513–1542), que enviou João Stuart, Duque de Albany para que Clemente concluísse um casamento com ele em abril ou novembro de 1530 Quando Francisco I propôs seu segundo filho, Henrique, duque de Orleães, no início de 1533, Clemente aproveitou a oferta. Henrique foi um prêmio para ela, que, apesar de rica, era de origens mais modestas O casamento, um grande evento marcado pela troca de presentes e exibição extravagante teve lugar em Marselha em 28 de outubro 1533 O príncipe Henrique dançou e justou para Catarina. O casal, de apenas quatorze anos de idade, deixou o casamento à meia-noite para desempenhar seus deveres nupciais. Henrique chegou no quarto com o pai, que disse ter ficado até o casamento ser consumado. Ele observou que "cada um tinha mostrado valor na justa Clemente visitou os recém-casados na cama na manhã seguinte e acrescentou suas bênçãos aos procedimentos da noite Catarina viu pouco seu marido em seu primeiro ano de casamento, mas as damas da corte a trataram bem, impressionadas com sua inteligência e perspicácia para agradar. A morte do papa Clemente VII em 25 de setembro 1534, no entanto, enfraqueceu a posição dela na corte francesa. O papa seguinte, Paulo III, rompeu a aliança com a França e se recusou a pagar seu enorme dote. O rei Francisco lamentou: "A menina veio a mim completamente nua [sem nada] O príncipe Henrique não demonstrou nenhum interesse em Catarina como mulher e, em vez disso, abertamente teve amantes. Durante os primeiros dez anos de casamento, a rainha não conseguiu ter filhos. Em 1537, por outro lado, Filippa Duci, uma das amantes de Henrique, deu à luz uma filha, a quem ele reconheceu publicamente. Isto provou que Henrique era fértil e colocou sua esposa sob pressão para gerar um filho. Em 1536, o irmão mais velho de Henrique, Francisco, pegou um resfriado depois de um jogo de tênis, contraiu uma febre e morreu, deixando o irmão mais novo como herdeiro. Como delfina, Catarina estava agora na espera de proporcionar um futuro herdeiro ao trono. De acordo com o cronista da corte, Pierre de Brantôme, "muitas pessoas aconselharam o rei e o delfim a renegá-la, já que era necessário continuar a linhagem da França. O divórcio foi discutido. Em desespero, Catarina tentou todos os truques conhecidos na época para engravidar, como colocar esterco de vaca e pó de chifres de veados em sua "fonte da vida", e ainda beber urina de jumento. Em 19 de janeiro de 1544, ela finalmente deu à luz um filho, nomeado em honra ao rei Francisco. Depois de engravidar uma vez, a rainha não teve problemas para fazê-lo novamente. A sua mudança de sorte pode ter sido devida ao médico Jean Fernel, que tinha notado pequenas anormalidades nos órgãos sexuais do casal e os aconselhou a resolver o problema. Catarina rapidamente concebeu outra vez e, em 2 de abril de 1545, deu à luz uma filha, Isabel. Ela deu a Henrique mais oito filhos, seis dos quais sobreviveram à infância, incluindo os futuros reis Carlos IX (nascido em 27 de junho de 1550), Henrique III (nascido em 19 de setembro de 1551) e Francisco, Duque de Anjou (nascido em 18 de março de 1555). O futuro a longo prazo da dinastia Valois, que governava a França desde o século XIV, parecia assegurado. A recém-descoberta habilidade de Catarina de ter filhos, no entanto, não melhorou seu casamento. Em 1538, com dezenove anos de idade, Henrique tomou como amante Diana de Poitiers, de trinta e oito anos, a quem ele amou o resto de sua vida. Mesmo assim, ele respeitava a posição de Catarina como sua consorte. Quando o rei Francisco I morreu em 1547, Catarina tornou-se rainha consorte da França e foi coroada na basílica de Saint-Denis em 10 de junho de 1549 Henrique não permitiu quase nenhuma influência política à rainha Catarina. Embora às vezes ela atuasse como regente em suas ausências da França, seus poderes eram estritamente nominais Henrique deu o Castelo de Chenonceau, que a rainha queria para si, a Diana de Poitiers, que tomou seu lugar no centro do poder, distribuindo e aceitando favores Um embaixador imperial relatou que, na presença de convidados, Henrique se sentava no colo de Diana e tocava violão, conversava sobre política ou acariciava seus seios Diana nunca considerou a rainha como uma ameaça. Ela ainda incentivou o rei a dormir com ela para ser pai de mais filhos. Em 1556, Catarina quase morreu ao dar à luz duas filhas gêmeas, mas os cirurgiões salvaram sua vida quebrando o braço de uma das duas bebês, que morreu em seu ventre A filha sobrevivente morreu sete semanas depois. A rainha nunca mais teve filhos. O reinado de Henrique também viu a ascensão dos irmãos Guise, Carlos, que se tornou cardeal, e de Henrique, amigo de infância de Francisco, que se tornou duque de Guise. A irmã deles, Maria, tinha se casado com Jaime V da Escócia em 1538 e foi a mãe da rainha Maria da Escócia. Com cinco anos e meio de idade, Maria foi levada para a corte francesa e prometida ao delfim, Francisco. Catarina a criou junto com os seus próprios filhos na corte, enquanto Maria de Guise governava a Escócia como regente de sua filha.
francesacozinha
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